Entre sem bater. 

quinta-feira, 27 de março de 2008

Recanto da frustração.

Cruzara o portão do cemitério como fazia toda manhã, os portões eram abertos sempre 5 minutos antes dele chegar.
Seu cabelo, o que resta dele, grisalho e sua bengala sempre a mão direita já fazia parte da decoração do ambiente, as pessoas que tinham a obrigação de passar por ali todas as manhãs achavam isso, ao menos.
Mancando, vagarosamente chegou a um banquinho e sentou em frente a um túmulo, este guardava segredos, o mais bonito e conservado monumento erguido ali, com toda a certeza. Já o banquinho estava velho, porém limpo, afinal este velhinho havia sentado ali durante muitos anos.

Permaneceu como sempre fizera, imóvel, com os olhos fixos na escritura que havia a sua frente marcada no túmulo, fazia gestos faciais de profunda tentativa de compreensão à palavras que nunca entendera, em anos de perseguição: "A vida é o que cada túmulo reservou para si". Mas hoje o velho resolveu escrever algo em um papel que levava no bolso, com a caneta que também retirou de lá. Escreveu rapidamente duas palavras.

Cansado de tudo isso, o velho jogou o papel próximo do túmulo e dormiu ali, com um pequeno sorriso no rosto, dormiu para nunca mais acordar. No papel estavam suas últimas palavras "Ou não".

2 comentários:

  1. Muito legal. Seu texto mais divertido até agora, na minha opinião.

    As tags deram uma broxada, não sei porque... mas dane-se.

    Congrats.

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