Entre sem bater. 

terça-feira, 30 de junho de 2009

Corredor

Um corredor longo, mal iluminado porém o suficiente para vê-lo quase inteiro, apenas com as saídas de cada lado, pequenas mesas e luminárias antigas, cheias de teia. As janelas, todas fechadas e enferrujadas, só ajudavam com o barulho do vento passando pelos buracos invisíveis. No chão, piso sujo e escorregadio. Lucas entrara por uma das portas e parecia desesperado. Não importa de onde ou como veio, seu rosto e inquietude mostravam a necessidade de estar do outro lado.

O corredor lhe dava medo, logo, atravessava-o com passos lentos, suando e impaciente, seus olhos queriam chegar do outro lado tão rápido quanto um rato cai numa armadilha de queijos. Ouvia seu nome "Lucas, Lucas" Eram duas vozes. Uma masculina, volume baixo, sem identificação, assustava-o. Outra feminina, mais alto, conhecida, alertava e apressava-o. Não sabia se eram reais ou fruto da sua imaginação que nunca o ajudou muito.

Chegou e abriu a porta, encontrara a dona da voz sentada de olhos fechados. Era um pequeno cômodo, minúsculo com um sofá e mais nenhuma entrada. Uma mesa com uma vela acesa e teias em cada um dos quatro cantos, sem janelas, marcas de sangue de outras épocas na parede. A mulher estava na verdade caída no sofá, era sua amada, com sangue por todos os lados e um bicho que ele nunca parecia ter visto estava na sua mão direita, parecia ser um brinquedo, sobre a mão, também todo ensanguentado, menos seus olhos, estavam limpos e pareciam olhar para Lucas, olhava dentro de sua alma. Sentou ao lado da amada e nunca mais saiu de lá.