Entre sem bater. 

domingo, 22 de maio de 2011

Um qualquer menino.

  A estrada segue seu caminho com uma certeza que só ela pode possuir, ser errante é fácil, por cima de solo tão preciso. As gaivotas continuarão a sua espera mas se quiserem podem esperar lá no final da estrada, até porque só você enxerga as alternativas, erradas, de fato, mas irão ao menos lhe salvar delas. Das gaivotas.

  Um menino atravessa a rua para comprar um doce, um pipa desvia seu olhar e o faz parar, rua calma, pega o pipa e termina o que ia fazer, duas balas por dez centavos. Aproveita para comprar uma rabiola e um carretel de linha. Como apenas alguns mágicos da idade dele conseguem fazer, recoloca rapidamente a pipa no lugar de onde nunca deveria ter saído, dois minutos depois perde seu achado e volta para casa chupando as suas balas, já sabendo da bronca que ganharia por ter gasto mais dinheiro do que deveria. Por sorte, antes de sua mãe quem aparece é o pai, quando a dona pergunta do troco, o senhor dá um jeito de despistá-la. O menino volta a seu quarto para olhar pela janela, seu pipa já está novamente nos céus, junto com tantos outros, junto com o sol, as nuvens, o avião, os balões, as estrelas, o rinoceronte, o leão e o macaco... Jurava ter visto também um urso.
  
  O sol forte incomoda os seus olhos claros, mas esperava seus amigos, de preferência que estivessem na companhia de uma bola de futebol. Pois então eles passaram.

  Apesar da dor de cabeça que sempre o acompanhava quando ia brincar acompanhado de um inferno no céu, não tinha outra alternativa a não ser correr por aquela quadra atrás de uma bola. Não tinha a habilidade de alguns de seus amigos, bem verdade, mas se esforçava bastante, ria bastante. Passado algumas horas e feito alguns cinco gols, sua mãe aparecera. De volta em casa, após o banho, divertia-se com a miniatura de um avião, voava pra todos os lados com ele, morria de medo de entrar em um avião de verdade. Quando viu, já era hora de beijar seus pais para poder dormir.

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