Entre sem bater. 

sábado, 10 de dezembro de 2011

Natal

Chore, pequena. Somos tirados de onde queríamos ficar para sempre e colocados aqui. Com tantos de nós, nos acostumamos e fingimos agir naturalmente.
Estou muito cansado para entender porquê isso funciona assim, vou existindo até minha alma acender. Ela lampeja e diverge, difrata, reflete. Eu te daria tudo por um pouco de paz interior, paz de espírito, cerebral.
De qualquer forma, preciso conviver com esta arma quente, a felicidade aparece às vezes, me manda ficar onde estou. Eu preciso de um conserto, pois estou morrendo.
Ainda bem que tenho você.

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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Sei...

Algumas pessoas que conheciam o quão minúsculos e defeituosos eram, acabaram se tornando cientistas e filósofos reconhecidos e importantes para a história do homem na Terra, tornando-se então um pouco menos minúsculo, e assim, conseguindo viver, ao  menos minimamente, mais equilibrado com o seu eu. Mas o que acontece com aqueles que são e sabem que são pequenos e inúteis por toda a vida? Não me pergunto por mim, não sei dizer se realmente tenho consciência tão precisa sobre essa escala, mas apostaria que muitas pessoas passam por toda a vida assim, e que muitas outras nem suportam vivê-las por muito tempo dessa forma. Deve ser muito ruim.

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terça-feira, 2 de agosto de 2011

Meu espectro

Ouço um senhor com nome de governador.
Lápis e rabiscos, minha mente aos cochichos,
Com um coração cheio de saudade.

De repente, fiz viadutos e torres,
Sinto finalmente, sem dores.
Ela só me traz alegria.

Queria saber rimar pra mostrar o que eu faço por você, queria saber cantar pra convencer você. De qualquer forma dou todo meu coração, não é grande coisa, verdade, mas é o que tenho pra lhe oferecer. Desculpa por não ser poeta, mas se acostume, pra esse rosto, com sobrancelhas grossas, nariz moderadamente grande e seu sorriso, você olhará por infinitos anos. Na aula de Limite não consigo pensar em outra coisa.

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domingo, 22 de maio de 2011

Um qualquer menino.

  A estrada segue seu caminho com uma certeza que só ela pode possuir, ser errante é fácil, por cima de solo tão preciso. As gaivotas continuarão a sua espera mas se quiserem podem esperar lá no final da estrada, até porque só você enxerga as alternativas, erradas, de fato, mas irão ao menos lhe salvar delas. Das gaivotas.

  Um menino atravessa a rua para comprar um doce, um pipa desvia seu olhar e o faz parar, rua calma, pega o pipa e termina o que ia fazer, duas balas por dez centavos. Aproveita para comprar uma rabiola e um carretel de linha. Como apenas alguns mágicos da idade dele conseguem fazer, recoloca rapidamente a pipa no lugar de onde nunca deveria ter saído, dois minutos depois perde seu achado e volta para casa chupando as suas balas, já sabendo da bronca que ganharia por ter gasto mais dinheiro do que deveria. Por sorte, antes de sua mãe quem aparece é o pai, quando a dona pergunta do troco, o senhor dá um jeito de despistá-la. O menino volta a seu quarto para olhar pela janela, seu pipa já está novamente nos céus, junto com tantos outros, junto com o sol, as nuvens, o avião, os balões, as estrelas, o rinoceronte, o leão e o macaco... Jurava ter visto também um urso.
  
  O sol forte incomoda os seus olhos claros, mas esperava seus amigos, de preferência que estivessem na companhia de uma bola de futebol. Pois então eles passaram.

  Apesar da dor de cabeça que sempre o acompanhava quando ia brincar acompanhado de um inferno no céu, não tinha outra alternativa a não ser correr por aquela quadra atrás de uma bola. Não tinha a habilidade de alguns de seus amigos, bem verdade, mas se esforçava bastante, ria bastante. Passado algumas horas e feito alguns cinco gols, sua mãe aparecera. De volta em casa, após o banho, divertia-se com a miniatura de um avião, voava pra todos os lados com ele, morria de medo de entrar em um avião de verdade. Quando viu, já era hora de beijar seus pais para poder dormir.

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sábado, 2 de abril de 2011

InAcalanto

  Acabei de chegar no meu apartamento, pego meu chaveiro com as duas chaves. A prateada, do portão do prédio, a dourada, da porta. Será uma ou duas voltas hoje? Coloco a chave, termino a primeira volta. Tento primeiro abrir ou tento antes dar mais uma volta? Devem ser duas, então arriscarei. Errei, era apenas uma. Dorme minha pequena, não vale a pena despertar.   Sento no sofá e espero. Passarinhos, como o canto deles é lírico, principalmente ao amanhecer, mesmo na embriaguez é impossível não perceber, apesar dele, o canto, ficar mais triste. Vou para a cadeira do meu computador, ligo a máquina, apoio meus punhos no teclado, penso em escrever algo. Não tem o que escrever, curvo minha cabeça e permaneço ali. Até quando eu quiser, até eu conseguir voltar.

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quarta-feira, 9 de março de 2011

Do céu.

  Uma tarde qualquer. Ruas, muitas ruas, muito cinza, pouco movimento, dois carros para um lado, três para o outro. Algumas pessoas, todos os tipos, muitos jovens, alguns poucos e bem cuidados bancos, até aparecia algum verde por ali. Eu estava sentado em um desses bancos, sentindo o tempo passar. Como se os anjos viessem passear por aqui, de repente desce uma nuvem, nuvem branca, de cima dela não um anjo, mas uma garota. Tomo um susto, ainda mais ao perceber que só eu estranho aquilo, na calçada uma nuvem com uma garota, linda por sinal, em cima dela. Ela está ali, imóvel com um olhar curioso, inocente mas ao mesmo tempo malicioso, sapeca. Começa a andar e apesar de eu não ver mais a nuvem parece que ela continua numa, ela e sua sombra flutuam como se o Universo fosse o local mais familiar para o seu passeio a tarde. Linda daquele jeito, vindo em minha direção. Em alguns pulos seus cabelos pareciam negros, em outros o sol refletia de forma angelical raios castanho claro. Seu rosto vinha em perfeição com o diminutivo. Narizinho, bochecinha, olhinhos, boquinha. O contorno dessa boca com certeza foi desenhado, era o único jeito de sair tão delicada e chamativa. Continuava em minha direção, abriu um sorriso. Paralisei em seu sorriso, se antes era ela na nuvem, agora era minha vez, aquilo não poderia ser verdade, o cinza foi embora, o barulho dos carros e da cidade também. Um sorriso lindo, lindo, lindo. Naturalmente alegre, enchendo-me dela.

  Quando voltei ao meu banco, ela já estava ao meu lado. Alta, naquele momento só via sua mão, delicada, que estava na altura do meu rosto já que seu corpo, perfeito, estava um pouco a direita, ia se ajeitando para sentar ao meu lado no banco. Então sentou.

 - Oi - eu disse, abobalhado, esperando alguma explicação.
 - Olá - continuou com seu enorme sorriso - Vim ficar com você.
 - Comigo?
 - É, agora chega de perguntas.

  E ficamos aqui, nas nuvens.

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segunda-feira, 7 de março de 2011

Camisa.

  Só é possível ver o contorno da montanha, já que o sol atrás faz um contraste amarelado, terrível e magnífico para os olhos, assim como as mulheres. É um campo, um campo com a montanha ao fundo, não há mar, floresta, animais, apenas algumas árvores. A noite se vê vaga-lumes pelo campo, a visão é um pouco do alto. Como se o campo fosse um vale. A visão em uma montanha, a montanha na outra montanha. O contorno da montanha. Depois de algumas horas, quando se vê perfeitamente, aparece o branco, enche de comida e remédio. Quando o céu começa a chorar e brilhar, aparece outro branco, mais comida, mais remédio. O fio que envolta os pulsos costuma doer mais com o tempo úmido. A tábua nas nadegas incomoda mais ao sol sem sombra. Faz três dias que pousou um passarinho, arrancou um pedaço da orelha direita e se foi. Sangrara por alguns momentos, de sem sombra até sombra média.

  Queria que aquele sol não tornasse a subir a montanha, que a lua parasse e mandasse parar. O passarinho, é, o passarinho poderia arrancar os nós. São mais de quinhentos sóis. Louco, já não sabe mais se é terceira ou se sou primeira.

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domingo, 6 de março de 2011

Mr. V.

  Apesar dos pássaros e passarinhos, do vento nas folhas, algumas velhas outras novas, o que mais se ouvia era a noite. Assim sempre foi no parque da cidade, principalmente aos domingos. São vinte e seis anos vivendo. Não existem motivos para temer a morte, também faltam para não temê-la, o melhor então era arrumar outra forma, na qual eu tivesse alguma chance de sentir um alívio depois. Uma noite nublada, nem a lua queria refletir a luz do Sol, usei um calendário para escolher os dias que seriam assim, o lado escuro da lua estava em seu ápice, parecia saber que eu precisava de sua ajuda para espalhar a sua mensagem, tão óbvia e invisível. Malditos sorrisos.
  
  Nada impedia os sorrisos distribuídos ali, como é fácil esconder no sótão aquilo que não quer se mostrar para ninguém, de qualquer forma continua na casa, todos sabem o quão só está lá. Vinham as moças de domingo. Eu estava ali, perto da pequena lagoa escondida atrás das lindas macieiras, lagoa que refletia uma imagem tão distorcida, nunca entendi o que havia naquela água. Só refletia porque a luz dos postes presentes iluminavam o local, eu precisava deixar tudo escuro, precisava dominar a vontade, mas eu já estava rendido há tempos. Não queria mais o verde, o azul, amarelo, vermelho. O vermelho talvez. Desligo a fonte, de luz. Aquela dúzia de pessoas dentro do parque ficaram assustadas, mas meus ouvidos perceberam que elas permaneciam imóveis, era um lugar muito grande para se tentar desprender.
  
  Só escutava minha respiração, ia pelo meio das árvores, o primeiro seria uma primeira. Felicidade assustadora, não queria que aquilo existisse mais. Cheguei perto das moças, dava para se enxergar o frio de suas mãos juntas. Agarrei silenciosamente uma delas, enchi de ódio a faca no meio de suas costas. Só ouvia minha respiração e seu coração elegantemente parando. A outra foi no rosto, em sua bochecha, com suas covas, covas de tantas risadas, que felizmente parariam. O medo ilhado naquelas duas foi embora junto com a minha ânsia, as moças eram o sacrifício necessário, a história já conheceu muitos sacrifícios, era só mais um para alguém que não queria participar das páginas de qualquer livro que não fosse o meu próprio, que agora era manchado de tinha pela primeira vez.

  Volto para meu reflexo, encosto minha mão no espelho para molhar meu rosto. Sentia-me um menino, tudo fora embora, aliviado. Para a primeira vez, essas duas pareciam o suficiente. Não me importava mais quem ganharia a batalha no céu, conseguia ouvir, não sei por quanto tempo agora, o silêncio em mim. 
  
  

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Vandebilt

  Eu estava ansioso, a escuridão que armei era o necessário. Não havia seguranças no parque, sempre foi um lugar seguro, minha vontade me tomava. Fiz tudo conforme planejado. Apenas um segurança por turno aos domingos, sem nenhum durante trinta minutos após às oito.
  Aqueles sorrisos ensurdecedores não brilhavam mais quando tudo escureceu, um pouco mais de dez pessoas, experimentavam um pouco da angústia. Medo ilhado. A noite nublada junto com as minhas árvores propiciavam o ambiente que eu precisava, tudo conforme o planejado. Não esperei pelo dia certo por sete meses à toa. Peguei a faca.
  Só ouvia minha respiração, ia pelo meio das árvores, o primeiro seria uma primeira. Felicidade assustadora, não queria que aquilo existisse mais. Agarrei silenciosamente, enchi de ódio a faca no meio de suas costas. Só ouvia minha respiração e meu coração, o dela nunca ouvi, agora eu não teria mais esperanças. Volto para o lugar marcado. Para a primeira vez, uma parece o suficiente, já havia tudo ido embora, é bom não gastar todas as almas de uma vez. Acendo as luzes. Primeiro ouço os gritos, como um zumbido, prefiro ouvir a minha tranquilidade. Mamunia.

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Ser.

Need.
I
I need
I need to
I need
Need I?
I need
I need to
Need to
Need to
Need to
I need to
I need to be.

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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Sabe que pensa

  Pedro vive há 17 anos. Lembrava melhor dos últimos 10 anos, alguma coisa dos outros 7, vagamente, já que não tinha nenhum trauma da infância. Aliás, eram tantos que preferia lembrar de cada um como algo normal, afinal, dizia ele, trauma é uma frescura. Bobagem.

  Apesar de seus dois irmãos, João e Beatriz, seus pais sabiam dar carinho para os três e Pedro percebe que esse foi o maior erro deles. Mesmo com todo carinho, já não confiava nos seus reflexos, achava que sua agilidade, observada apenas por ele, era uma consequência do seu pensamento rápido. Um garoto com 17 anos que já pensava que não era tão rápido como antigamente, nem fisicamente, muito menos mentalmente. o qual ele se importava mais. Era chato não conseguir jogar futebol com os amigos, mas é mais chato não conseguir pensar como gostaria, não ter as soluções dos problemas, não ler e não entender o suficiente. Mas o erro de seus pais nada tinha a ver com isso, já que condições para uma boa auto-estima eles davam. O erro de seus pais foi o cuidado.

  Pedro foi muito amado. E isso ele aprendeu, aprender a ser amado, mas não se achava mal acostumado, talvez por não ser, não sentia-se um garoto mimado. Ser amado era bom, mas sabia que era amado. Serviu para aprender, para ver como era gostoso e saudável ser amado. Com tanto amor, Pedro tentava retribuí-lo de todas as formas, mas não percebia que qualquer coisa era o suficiente para seus pais. Foi quando um dia percebeu o erro, aprendeu a ser amado e aprendeu muito bem, mas não aprendeu a amar. Achava que era tudo a mesma coisa e não conseguia aprender com seus erros. Era dele, cresceu assim, durante todos os dias, não conseguia mudar agora, mesmo notando o erro. Diferente dos outros problemas, era mais difícil para Pedro ignorar esse, queria tanto amar as pessoas de forma saudável que não conseguia esquecer esse erro. Não consegue deixar erros por perto e desse não conseguia se livrar. Comia-o por dentro, tirava seus momentos de tranquilidade, mas não sabia o que fazer enquanto não conseguia consertar. Com isso guardava a tristeza que causava nos outros, momentos que duram nem um segundo ou que duram meses eram arquivados na sua memória, mas sempre com uma nota ao lado: é uma bobagem, não precisa ter um trauma por isso. E ficavam por lá.

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sábado, 15 de janeiro de 2011

Last.FM Milestones

Achei interessante, quis mostrar aqui:

1ª faixa: (28 Maio 2007)
Vangelis - Official FIFA World Cup Anthem
1000ª faixa: (17 Nov 2007)
U2 - Sometimes You Can't Make It On Your Own
3000ª faixa: (19 Dez 2007)
The Beatles - She Said She Said
5000ª faixa: (12 Mar 2008)
Djavan - Se

6000ª faixa: (01 Abr 2008)
The Beatles - All You Need Is Love
7000ª faixa: (21 Abr 2008)
Joe Cocker - Unchain My Heart
8000ª faixa: (23 May 2008)
The Beatles - I've Got a Feeling
10000ª faixa: (29 Jul 2008)
Lobão - A Queda
11000ª faixa: (21 Out 2008)
Jimmy Cliff - I can see clearly now
13000ª faixa: (22 Fev 2009)
The Style Council - The Paris Match
14000ª faixa: (21 Apr 2009)
Switchfoot - Beach Boys - God Only Knows
15000ª faixa: (13 Jun 2009)
The Move - Night Of Fear
16000ª faixa: (05 Jul 2009)
The Pretty Things - Come See Me
17000ª faixa: (28 Jul 2009)
David Bowie - Rock 'N Roll Suicide
18000ª faixa: (04 Sep 2009)
Caetano Veloso - Sem Cais
19000ª faixa: (10 Jan 2010)
The Smiths - The Headmaster Ritual
20000ª faixa: (17 Set 2010)
João Brasil - Get Pet (The Beatles X Mc Robinho)
Faça o seu aqui

Com grande destaque para João Brasil, com seu mash-up impressionante, o qual aliás faz parte de um projeto acabado com 365 mash-ups, todos podem ser ouvidos aqui. E o meu last.fm aqui. Desculpa o tamanho do post. Até a próxima.

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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Três campinhos

Destemido, corria adentrando a densa Mata Atlântica do século XVIII, seu cavalo, embora corajoso aparentava apenas mais um, assim como ele. Seu olhar penetrante e concentrado mostrava o que sua mente pensava, tinha apenas alguns poucos dias para alcançar aquele lugar, os três pequenos descampados, a incrível exceção no meio daquele lindo verde. Percebeu que estava na direção correta quando encontrou o Tietê, as sobrancelhas permaneciam sóbrias, mas concisas e alinhadas. Suas pernas, assim como as do cavalo, faziam apenas os movimentos necessários para o melhor movimento. Máquinas com sangue. Seu coração estava na cidade que deixara, assim como o dela, da amada, estava ali com ele. Sabe da responsabilidade, achará as três campinas e ficará ali pelo tempo necessário.

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