Entre sem bater. 

quarta-feira, 9 de março de 2011

Do céu.

  Uma tarde qualquer. Ruas, muitas ruas, muito cinza, pouco movimento, dois carros para um lado, três para o outro. Algumas pessoas, todos os tipos, muitos jovens, alguns poucos e bem cuidados bancos, até aparecia algum verde por ali. Eu estava sentado em um desses bancos, sentindo o tempo passar. Como se os anjos viessem passear por aqui, de repente desce uma nuvem, nuvem branca, de cima dela não um anjo, mas uma garota. Tomo um susto, ainda mais ao perceber que só eu estranho aquilo, na calçada uma nuvem com uma garota, linda por sinal, em cima dela. Ela está ali, imóvel com um olhar curioso, inocente mas ao mesmo tempo malicioso, sapeca. Começa a andar e apesar de eu não ver mais a nuvem parece que ela continua numa, ela e sua sombra flutuam como se o Universo fosse o local mais familiar para o seu passeio a tarde. Linda daquele jeito, vindo em minha direção. Em alguns pulos seus cabelos pareciam negros, em outros o sol refletia de forma angelical raios castanho claro. Seu rosto vinha em perfeição com o diminutivo. Narizinho, bochecinha, olhinhos, boquinha. O contorno dessa boca com certeza foi desenhado, era o único jeito de sair tão delicada e chamativa. Continuava em minha direção, abriu um sorriso. Paralisei em seu sorriso, se antes era ela na nuvem, agora era minha vez, aquilo não poderia ser verdade, o cinza foi embora, o barulho dos carros e da cidade também. Um sorriso lindo, lindo, lindo. Naturalmente alegre, enchendo-me dela.

  Quando voltei ao meu banco, ela já estava ao meu lado. Alta, naquele momento só via sua mão, delicada, que estava na altura do meu rosto já que seu corpo, perfeito, estava um pouco a direita, ia se ajeitando para sentar ao meu lado no banco. Então sentou.

 - Oi - eu disse, abobalhado, esperando alguma explicação.
 - Olá - continuou com seu enorme sorriso - Vim ficar com você.
 - Comigo?
 - É, agora chega de perguntas.

  E ficamos aqui, nas nuvens.

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