Entre sem bater. 

terça-feira, 29 de junho de 2010

Narração I

Diagnóstico falho.

 

    A dor de cabeça era insuportável, precisava e fui logo ao médico. Sempre falam que quando se é adulto, as dores de cabeça, quando intensas, são perigosas. Com meus trinta anos não poderia, infelizmente, considerar que fosse um adolescente. Fui a um neurologista, era psicólogo também. Na primeira vez o médico me disse que devia voltar para fazer uns exames. Se fosse médica não voltaria, mas suponho que todo homem sabe como nosso gênero é preguiçoso para cuidar da saúde, então acreditei na palavra do doutor. Fui receber o diagnóstico. Nesses últimos 15 dias, minha dor só aumentava.

   E o resultado foi estranho. Aquele senhor, no auge dos seus cabelos grisalhos, fez eu vir até aqui para me encher de absurdos. Me falou com todas as palavras que os exames não acusaram nada, que eu não estava com dor alguma, insisti que nunca tive dores de cabeça, que nunca senti nada como aquilo, mas ele estava seguro do que dizia. Como se não fosse suficiente, em vez de duvidar de mim, preferiu me tratar como um louco, fingia que acreditava em mim e queria que eu ficasse para conversar, pois bem, fiquei.

   O consultório das outras duas vezes estava movimentado, é uma equipe de doutores, mas dessa vez parecia fazer um silêncio insuportável. Quando lembrei do que estava fazendo ali, olhei para frente e vi o doutor me encarando. Pois ai começou o questionário, queria saber da minha vida, ora, não havia o que saber, sempre fui sociável, sem grandes problemas, tudo muito bem no trabalho, só estava com dor de cabeça. Foi quando o doutor não se conteve e deixou escapar que os exames me diagnosticavam com insanidade. Asneira.

   O papo fluía, coisas do trabalho, infância. Então ele me perguntou o que eu havia feito no dia que senti a dor de cabeça pela primeira vez e no dia anterior. Não lembrava de nada, foi então que ele se deparou com minha aliança de noivado e começou a perguntar da minha mulher. Estranhou que eu não tinha falado nada, o que eu ia falar se ele não tinha me perguntado? A Regina é um amor, contei, não nos vemos desde que fiquei mal, ela sumiu, acho que pelo "excesso de ciúme" que ela dizia que eu tinha, mas é tudo mentira.

   Ela também não é muita comportada, continuei contando ao doutor, mais de uma hora de conversa havia passado sem dúvida, Regina é uma moça linda, sempre jurou lealdade e fidelidade, lembro-me agora que ela estava lá em casa no dia da dor, acho que discutimos aquele dia, nada de mais. É que ela apareceu com um cheiro estranho, eu tinha certeza que era de outro homem, contei ao doutor que já não era a primeira vez, ela dizia que o ônibus estava muito cheio, mentirosa, nunca suportei mentira, fui e a enforquei até ela desmaiar. Se não me engano ela não acordava mais, de jeito nenhum. O assunto já me incomodava, queria que minha dor passasse logo, mas de repente eu desmaiei. Acordei aqui, num hospício, até agora não entendo o porquê. Pelo menos minha cabeça melhorou. Será que Regina vem me visitar hoje?

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Muito longo né? Queria ter escrito muito mais hehe Aí acontece isso, desde pequeno é assim, um começo longo e vou encurtando o resto para não exagerar. Pois bem, o tema era "Você acabou de sair de um consultório médico e ficou surpreso com a notícia que recebeu. Conte essa história" Obrigatoriamente com foco narrativo em primeira pessoa.

Se alguém ler, comente por favor! E muito obrigado. Abraço.

Posted via email from André's Posterous

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