Entre sem bater. 

quinta-feira, 20 de junho de 2013

O que eu penso sobre Tudo isso

  Se cientistas políticos e sociais não conseguem explicar o que está acontecendo e quais as consequências dessa juventude nas ruas, não sou eu quem vou explicar. Aliás já quero avisar que farei alguns pedidos no meio desse meu texto e espero que sejam recebidos com carinho. Passei meus últimos dias achando que o melhor que eu poderia fazer seria ficar quieto (com muitos falando sobre ditadura, vejam só que curioso), mas resolvi me expressar.
  Acho melhor deixar claro, primeiramente, que tenho amigos que acompanham os manifestos do Movimento Passe Livre desde o 1º ou 2º dia dessa onda de protestos pela revogação da passagem, assim como também tenho amigos e colegas que foram as ruas pela primeira vez na segunda (17/06).
  O que eu chamo de "Tudo isso" é a segunda-feira, na qual uma grande parte da população (principalmente jovem) brasileira, ou foi para as ruas, ou certamente apoiou a caminhada ocorrida por aquela tarde/noite e uma parte dessas pessoas apareceram lá pela primeira vez. Inicialmente, por uma indignação do que havia ocorrido no último manifesto, com a polícia sendo completamente exagerada e despreparada na sua atitude e, a partir disso, cada um arrumou o seu próprio motivo para aparecer no manifesto e com isso puxar um grito de mudança.
  O que aconteceu segunda foi diferente e único, completamente inesperado (ao menos até a sexta anterior), então antes de eu apontar uma crítica, prefiro considerar que a questão "novidade" ajuda a aumentar a quantia de erros em qualquer situação. Como se fosse o primeiro dia de uma criança/adolescente em uma escola nova. Tudo bem que ninguém chega numa escola mandando a pessoa que está ali há anos abaixar a sua bandeira, mas como é novidade, não vou julgar. Até porque o apoio político tem sua importância em qualquer movimento, já que é ele que nos representa na forma que vivemos nossa democracia. Ao mesmo tempo, para muitos que estavam ali, segunda não se tratava sobre movimentos e sim sobre indignação.
  Foi curioso a volta para casa dos meus amigos que foram por causa do movimento, dos meus amigos que acompanham o movimento. Todos de alguma forma tristes ou chateados com as suas novas companhias, com a forma que essa companhia agiu, mas peço (começaram os pedidos) calma para todos que compartilham esse sentimento. Primeiro vale uma reflexão que, querendo ou não, essa multidão teve a sua parcela de culpa na revogação do preço da passagem aqui em São Paulo  o que se pode discutir é o tamanho da parcela de culpa). E segundo, inicialmente essas pessoas foram para as ruas para teoricamente ajudar vocês do movimento, eles ficaram indignados com o que a polícia fez... Muita dessa indignação apareceu porque a imprensa sofreu, mas ninguém vai para as ruas por isso, as pessoas vão, ou ao menos foi a sensação que me passou, porque não concordam que parte do seu povo receba balas de borracha e bombas de gás por estar somente protestando.


  Só que ai veio mais uma manifestação. E hoje outra. E o povo de segunda estava lá novamente e, aparentemente, ainda era segunda-feira. Eu esperava uma conscientização, não digo nem "politização partidária", mas ao menos uma ideia de como deve funcionar um manifesto, talvez ainda seja cedo, mesmo assim espero que algumas pessoas reflitam sobre isso. Afinal, quando essas centenas de milhares de pessoas marcaram a sua presença num evento do facebook, elas notaram que era um evento do "Passe Livre"? Veja, eu não quero que vocês simplesmente voltem para casa, mas que se compreenda que que cada manifesto tem que acontecer no seu tempo e lugar, um de cada vez. Se você vai no movimento contra o aumento da passagem e defende que não se aprove uma PEC, quem ou o que você espera de resposta? O movimento perde sua força. Isso sem contar os pedidos genéricos, como o "fim da corrupção"... Quem irá no dia seguinte no SPTV dar um esclarecimento como resposta? Deus? ("Olha galera foi mal, a partir de hoje todo mundo que nascer não será mais corrupto") Enfim, cada protesto tem que ter a sua vez, com objetivos definidos e com grupos que elaborem de forma mais clara o que está sendo defendido. O MPL entra em contato com a policia com antecedência para fazer seus protestos, se vocês quiserem protestar para, sei lá, "Corrupção no Congresso como crime hediondo", não será o grupo "Passe Livre" que vai se pre-dispor a organizar, vocês têm que arrumar quem o faça ou vocês mesmo fazê-la.

Espero que você nunca concorde com isso.
  O que mais me incomoda é que eu acreditei na mudança, mas não que a mudança seria as pessoas na rua e sim uma conscientização, e isso não veio, ao menos até agora. Entendo a raiva que existe por partidos, nesse meu tempo de vida eu nunca vi o povo se sentindo bem representado, mas e a noção de liberdade e democracia? Qual o problema se um partido apoiar a sua casa? A causa continua sendo sua. O que há de errado em membros da MPL se dizerem líderes do movimento? Eles que organizaram e nunca esconderam isso de ninguém. O meu texto, no fim, acaba sendo um pedido pra você que não costuma ler textos maiores que esse (ou até mesmo desse tamanho), para que você se informe. Muitos, na segunda, falaram mal dos grandes nomes da mídia, mas essas atitudes que eu comentei só faz parecer que mais uma vez a população (que "acordou") foi manipulada e só foram para as ruas porque os repórteres foram baleados e ai a grande imprensa vendeu a ideia de como a polícia e seus governantes são maus. Aproveitem a internet e leiam mais, vão para o manifesto se souberem o que estão fazendo lá, aliás, não precisa ler, mas vai atrás se informar, veja entrevistas no YouTube, converse com pessoas próximas que você acha que conheça um pouco do assunto. Forme a sua opinião. Não transforme o seu "despertar" em um novo facebook, seu novo lugar cool. E não se preocupe em amar ou ter orgulho do seu país, você não precisa disso para lutar pelas coisas que você acredita ou que sejam melhores para você.

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