Entre sem bater. 

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

42.

Nevava. As montanhas do norte o esperavam, a tempestade de neve era densa e veloz. Um homem subia a mais alta das montanhas, um homem de barba rala. Todos temiam aquela montanha mesmo em dias normais, ele achava que a resposta estava ali, e a encontrou.
- Finalmente achei o senhor. - Não enxergava nada devido a uma intensa luz, mas sabia que ele estava ali.
- A fé pode ir mais longe do que se imagina. Respondeu o ser que vinha da luz, com uma voz masculina doce e autoritária.
Eu queria saber, mas não era fé, era dúvida. Criou tudo mesmo? - Conseguiu começar a ver uma cabeça balançando, positivamente, parecia uma face comum. 
Mas então, quem criou o senhor?
- Prefiro não me fazer essa pergunta - Mas isso não lhe incomoda? - Eu gasto muito tempo com vocês, desenvolvi essa compulsão, ai não preciso pensar nessas bobagens.
- Mas então, o que eu faço? Só consigo pensar bobagem, além do senhor, os outros pensamentos não possuem uma resposta, só me deixam depressivo.
- Gaste tempo com alguma compulsão, pensar não serve para nada, meu caro. - Mas minha compulsão é o meu maior mal. Não é o pensar, é outro...
- Eu sei...
- O que eu faço então?
- Infelizmente, não tenho uma resposta.
Instantes de silêncio, o suficiente para um respirar.
- O que acontece depois?
- Não sei salvar sua vida, mas também não posso acabar com ela.
- É algo bom então?
- Qualquer resposta que eu der para você, será suficiente, até mesmo absurdos como o céu ou o inferno. Talvez nem eu mesmo saiba, mas sei o que você faria com a resposta independente de qual fosse.

A conversa acabara ali. O homem de barbas resolveu ficar mais alguns minutos naquela companhia, depois começou a descer lentamente a montanha e voltou a sua vida.

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